quarta-feira, maio 06, 2009

economia política da informação





A informação quando  mensageira potencial de uma intenção de conhecimento necessita de uma estrutura para fixar esta mediação.A estrutura de informação seria, então,  qualquer base de inscrição de conteúdos em um formato ou forma de organização onde os registros  adquirem  sentido em  um conjunto com  ordenação lógica.  Neste caso existe o pressuposto de que este conjunto admite que seus subconjuntos ou partes possam representar o  todo, em processos de reformação economizadora  para armazenagem.

Todas essas atividades conduzem a uma chamada organização de estoques de informação. Este seria um repositório potencial de conhecimento por acervação de estruturas de conteúdo.  Em sua forma completa ou não, estes estoques  são estáticos,  por si só não produzem  conhecimento que é uma condição em fluxo. Mas estas estruturas significantes armazenadas possuem potencial para produzir conhecimento,  que só se efetiva a partir de uma ação de transferência mutuamente consentida entre a fonte e o receptor.

A administração destes estoques tem adotado  preceitos de produtividade e  racionalidade para reunir o maior numero de itens em um menor espaço acervado. A crescente produção de informação precisa ser reunida e guardada de forma eficiente obedecendo a  critérios de produtividade da estocagem dentro de critérios de eficácia e custo adequados ao pensar gerencial.

Nesta acumulação de itens existe sempre uma  forma pela qual certa visão de mundo é imposta  ao todo  reunido no estoque,  através de uma ideologia formativa de uma ordem que o tempo acolhe como correta. Mas, também, há um viés de homogeneidade  agregativa que oculta a informação,  quando itens são  rejeitados por desordem temática e são excluídos na entrada.  Uma eliminação planificada  na decisão do que colocar no estoque; itens são aceitos e outros descartadao. O espaço não dá para tudo ali colocar. A seleção dos conteúdos  formadores do estoque ocorre em paralelo a um  ato de repressão documental. 

No processo de  preparação desta informação para armazenagem se utilizavam mundos particulares de linguagem e metalinguagens que são empregadas como instrumentos redutores do tamanho do conteúdo para atender as instruções de eficiência e produtividade.  Assim neste regime de informação ao receptor  se oculta informação por diferentes decisões: 1) de caráter econômico para eficiência dos arquivos ou pela 2) filtragem aliada ao caráter político das regras de entrada ou quando a intenção é censurar documentos,  para que estes não venham  a ter acesso público.

Neste sentido quanto mais protocolos de procedimentos estiverem entrelaçados no processo de estocagem  maior seria a possibilidade de se ocultar a informação. Seria, assim, coerente supor que, em um ambiente intenso em tecnologia de informação permitisse  maior poder de se ocultar a informação pela decisão dos administradores destes estoques. 

Mas no caso da informação online e em rede os protocolos técnicos operam para munir o receptor e o gerador com mais liberdade de expressão na troca de suas narrativas que se dá em uma linguagem natural e sem os escondimentos na passagem  e na reformatação de conteúdos. Os administradores de estoques perdem em poder institucional  pela liberdade da rede em convivência. 

Há que se esperar que em uma atitude de convivência informacional  prevaleça na criação e no fluxo de conteúdos em uma  um contexto de arquivos digitais. A liberdade deveria ser uma determinação fundamental nesta estrutura  da circulação da informação.

 Sem a esperança desta liberdade a informação retorna a idade média, prisioneira dos muros, abismais dos monastérios medievais que guardavam o saber como coisa sagrada:   "Não há progressos, não há revoluções de períodos na história do saber, mas no máximo, continua e sublime recapitulação” acustódia do saber, a custódia digo não a busca, porque é próprio do saber coisa divina, ser completo e definido desde o inicio, na perfeição do verbo que exprime a si mesmo"  *

* Umberto Eco em seu livro "O Nome da Rosa" 

Aldo de A Barreto
revisto em 2013

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